quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Pais precisam se envolver com a vida de seus filhos na internet


MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DO RIO

Atordoados com um desenvolvimento tecnológico que não conseguem acompanhar na mesma velocidade que seus filhos, os pais vêm se abstendo de prepará-los para o universo digital, deixando-os expostos a riscos.

O diagnóstico é de Michael Rich, 58, professor do Centro de Mídia e Saúde Infantil da Universidade Harvard e um dos maiores especialistas americanos nas interações de crianças com mídias diversas.


"Os pais precisam engolir seu orgulho e se tornar aprendizes dos filhos na parte técnica, para que possam ser seus professores na parte humana", disse Rich à Folha.


Pai de quatro filhos (os mais novos têm cinco e sete anos), Rich tem um site (cmch.typepad.com/mediatrician) no qual tira dúvidas dos pais.


Em entrevista à Folha, ele falou sobre como busca introduzir dados científicos em uma discussão que ainda é guiada por valores morais.

Folha - As crianças estão sendo apresentadas à tecnologia cada vez mais cedo. Isso é ruim?
Michael Rich - Não, mas também não é bom. O problema é que os pais dão essas ferramentas para as crianças não porque elas precisem ou saibam usar, mas por causa da pressão social e das próprias crianças. Os filhos dizem "eu quero um iPhone porque todos os meus amigos têm um". Assim como você pensa em quando deve mostrar para uma criança o que é uma serra elétrica, deveria considerar quando e como vai apresentar a televisão, a internet, os celulares.

Há uma idade certa para as crianças serem apresentadas às mídias?
Varia de acordo com cada mídia e cada criança. Escolhemos ferramentas diferentes dependendo da idade, do estágio de desenvolvimento e das necessidades.
Temos pesquisas que mostram que, antes dos 30 meses, crianças não aprendem muito por meio de telas. Conseguem assistir e imitar o que veem, mas não identificam aquilo como uma representação de uma realidade tridimensional. O melhor software para as crianças está entre as orelhas delas: é o que se coloca na cabeça delas em termos do que elas são como pessoas e como cidadãos.

O sr. diria que os pais em geral têm noção dos riscos que a exposição das crianças à tecnologia pode trazer?
De modo algum. Eles não têm a menor ideia, muitas vezes porque não querem saber. Eles sentem que as crianças sabem muito mais do que eles, porque são nativos digitais, enquanto os pais são imigrantes digitais, acabaram de chegar, não falam a língua, não entendem o lugar. Os pais estão acostumados a ser os experts da família e sabem que, nesse ambiente, não o são, então decidem não comprar essa briga, apenas dão o laptop, o celular e pensam "desde que eles estejam no quarto, não vão se meter em problemas", o que é um erro.

Como eles podem se envolver na vida digital de seus filhos e até que ponto devem fazê-lo?
Os pais precisam se envolver com a vida digital de seus filhos tanto quanto se envolvem com a vida fora da rede. Um pai não deixaria o filho ir a uma festa em uma casa na qual não sabe se vai haver bebida, drogas, armas. Do mesmo modo, não deveria deixar o filho desacompanhado na internet. Como os pais não sentem-se confortáveis na internet como seus filhos, os egos atrapalham. Eles precisam se permitir ser os aprendizes. Precisam sentar e jogar videogame com eles, aprender a parte técnica e, aproveitando essa posição de vulnerabilidade, discutir outros temas.

FORMAÇÃO
Graduação dupla em língua inglesa e cinema pela Faculdade Pomona, na Califórnia, concluída em 1977. Chegou a ser assistente de direção do cineasta japonês Akira Kurosawa antes de se formar médico pela Escola Médica de Harvard em 1991

Mães leitoras entregam kits às Arapiraquinhas




Com a presença da secretária de Educação, Ana Valéria Peixoto, as donas-de-casa que residem no bairro Santa Edwiges e adjacências entregaram, na tarde desta quinta-feira (27), kits contendo livros de pano para as regentes das Arapiraquinhas - bibliotecas digitais de bairros.



A solenidade ocorreu na Escola de Tempo Integral Pontes de Miranda (antigo Caic), e também contou com a presença da coordenadora do Programa Mães Leitoras Costurando a Leitura Para as Crianças, a bibliotecária Wilma Nóbrega, bem como das arte-educadoras Fabiana Salsa, Maria de Fátima, Maria Cristina (Tininha).



Durante o evento, as mães receberam certificados de conclusão das oficinas do programa, que ensina as mães a produzir livros de pano para serem entregues aos filhos e às turmas da pré-escola de estabelecimentos de ensino da rede pública de Arapiraca.

Além de estimular o gosto pela leitura, o programa já implantou bebetecas nas Arapiraquinhas (bibliotecas digitais de bairros) e creches, com o objetivo de estimular o gosto pela leitura em crianças até cinco anos de idade.

Iniciado em março do ano passado, o programa está qualificando dezenas mães de alunos na arte da costura de livros de panos para os filhos.